sábado, 8 de maio de 2010

Um dia matei o meu amor

Sim, um dia matei o meu amor convencido que, com esse simples gesto, poderia deixar de viver num mundo que não senti nunca como meu.
Mas, como uma erva daninha, à qual não se pode deixar a mínima raiz, o mais pequeno pedaço, sob pena de voltar a infestar os campos, o amor retornou, mais forte, mais vivo.
O amor tem artes de se mascarar para nos enganar. O amor utiliza todas as nossas energias para nos deixar sem forças para o repelir, para o contrariar.
E somos arrastados por ele, trucidados, assistindo a tudo impassíveis, como espectadores do último filme em 3D. Não, não somos nós que estamos ali. Não, não é a nós que está a acontecer de novo. É isso! É apenas um filme, uma história. Em algum momento aparecerão as letras mágicas formando o The End que esperamos aliviados. Sim, a luz vai acender, recolhemos os copos vazios de coca cola e pipocas, como pedaços de nós espalhados pelo chão e deitamos tudo rapidamente no lixo, para podermos respirar o ar puro lá fora e retomar a nossa vida adiada. Sim, não passou tudo de um filme... mas quem seriam os actores, já que tão parecidos connosco?
É verdade, um dia matei o meu amor, mas esqueci-me de matar a ternura.
E com a ternura me mataste e renasceu o amor.
(Continuam, estranhamente, as guerras nas infinitas galáxias fazendo girar este mundo que não é meu!)

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