segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Conflito

letárgico conflito

vida e morte

duelo inacessível dos sentidos

assistir ao desfolhar do sol a cada dia

sem que estejas presente no ocaso

e cada doloroso amanhecer das praias

resguarda o sabor das ondas que me arrastam

sem resistir até não poder mais

perdido para sempre na lembrança do que foi

enquanto as asas de pássaros feridos no infinito

se prolongam nos meus braços

desenhando tranquilas o meu fim

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Miragem

Não
Não foste tu que nasceste para me salvar
nem eu a ti
Na ilusão do sangue nem sei mesmo se existes
se ao respirar dás vida ao vento
e se ao chorar
se enchem de murmúrios as águas pelo caminho
Mas é em ti que repousa este silêncio
desditas fortuna cansaço deslumbramento
nos teus olhos o meu ninho
o meu tormento
Agarra-me
com as mãos etéreas da distância
Beija-me
sôfrega esfomeada milenar
Não deixes que pare de te sonhar
Não temo a desilusão
Pois até numa miragem
existe consolo
esperança
eternidade
e salvação

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Implosão

tudo acabou
as estrelas dobraram-se pelo estômago
sangraram olhos
desligaram cintilações
tremeluzentes planetas implodiram vazios
aqui estou eu
flutuando
tudo desapareceu
acabou
fontes secaram
rios inverteram o seu fluxo
árvores nasceram definhadas
pássaros sem asas
ou coração
sóis sacrificaram-se na tua lembrança
porque para ti nunca chegou um universo

tudo morreu
acabou
esqueceste-me e sou nada!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Lágrima de nada

Esta lágrima é uma lágrima de nada
Nela sobrevive o desespero de te querer desesperada
louca na minha loucura
conhecendo o destino
entregando no teu corpo o futuro
desenhando nos teus lábios promessas
sabendo que estaria aí
perto do fim do meu passado
abrindo essa porta no limiar dos teus olhos
abandonando-me na tua pele
Esta é uma lágrima de nada
sem sal
profundamente líquida
como a ponta dos meus dedos no teu peito
E, tu que secaste as minhas lágrimas, devolveste-me um mar de dor
(diariamente a tua não-presença continua a assombrar-me...)