quarta-feira, 15 de junho de 2011

Perfunctório



Já não sei quem és. Mas é para ti que escrevo.
Tu que prevês o nascer das manhãs com as impressões digitais únicas da vida cravadas na tua pele exaltada pelo sol.
Já não sei quem és. Mas é por ti que escrevo.
Nas noites que antecedem o tumulto do silêncio e a ficção do futuro no amanhecer que vês e eu para mim invento sem sucesso ou surpresa.
Já não sei quem és. Mas é de ti que escrevo.
Sentindo a dor de outras dores em óleos que pintores mortos espalharam nos campos feitos telas ao som de cores e vibrações que queriam mas nunca conseguiram entender.
Talvez te encontre nos rios sem nascente nem foz, sem margens nem correnteza.
Talvez me encontre quando já não precisar de saber de ti
e a memória do tempo já não precisar de saber de mim.