terça-feira, 25 de maio de 2010

Fazes-me falta (2)


Acendo mais um cigarro. Sei que não devia mas que se dane.
O fumo desenrola-se lentamente à minha frente e fico entretido a olhar para as caprichosas voltas e curvas que desenha no ar.
Ponho de lado o livro que não cheguei a abrir.
Lembro-me das coisas rotineiras que tinha para fazer. E não fiz.
Olho pela janela. Lá fora tudo na mesma.
As árvores, o lago, o jardim.
Os arrumadores à espera do carro que não chega.
Os velhos reunidos na batota.
Pombos dançando no ar.
E tu? Não te vejo. Nem sei se existes. Mas fazes-me falta...
Será que ainda sei sorrir?

Acendo mais um cigarro. Sei que não devia mas sabe bem.
O fumo desenrola-se lentamente à minha frente e fico entretido a olhar para as caprichosas flores de morte que desenha pelo ar.
Ponho de lado o livro que nunca vou abrir.
Esqueço-me das coisas rotineiras que estou farto de fazer.
Fecho a janela às árvores, ao lago, ao jardim, aos arrumadores à espera do carro que não chega, aos velhos reunidos na batota.
Pombos continuam a voar.
E tu? Continuo sem te ver, sem saber se existes. Mas, decididamente, fazes-me falta...
Será que ainda sei dormir?

Acendo mais um cigarro.

Fazes-me falta...




Sem comentários: