quarta-feira, 9 de junho de 2010

Palavras sufocadas

Tanta coisa que ficou por dizer e retida no meu peito!
Como se fosse um dique ou barragem que doma um rio selvagem, onde as palavras batiam e afundavam lentamente.
Receio de te falar? Ou receio que as palavras fossem, para ti, apenas palavras?
Que não sentisses a sua essência, a sua maravilha, o seu brilho, que não sentisses que cada uma delas se formava no caldeirão de um vulcão adormecido, de onde brota esta nascente de dor com milhares de anos.
Que não sentisses como eram livres e sentidas e como queriam correr, arrastando tudo na sua frente, até chegar à tua foz...
E construí esse dique que as reteve, essa barragem que me conteve, essa prisão húmida e escura, onde agora o meu amor apodrece lentamente, sem nunca ter podido gritar por ti.
Não me deste tempo.
Hoje, de nada me serve, libertar as palavras retidas, os sons aprisionados, o amor estrangulado e amordaçado, as mãos escravas da tua pele, os lábios impronunciáveis nos teus.
Hoje, sufocadas as palavras, já não as ouves, não queres ouvir.
E eu sepulto-as novamente neste escuro esquife líquido, de onde se libertam, timidamente, em lágrimas de lembrança.
Sim, chorei e choro por ti! E porque não, meu amor?
Se gosto de ti.

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