sábado, 12 de junho de 2010

Ausência

Ao vazio que antes existia, junto agora outro, como um coleccionador de ocasos.
O vazio de ser estranho à tua palavra, que me evita e não conhece.
Nas minhas mãos pouco mais recebo que a estranheza de plástico com que escrevo, e o não saber quem lê os segredos, os desejos e a dor que tenho para contar.
A realidade é estares do outro líquido lado em que me encontro, passando o tempo a tricotar ideias e raios de sol nos finíssimos fios do teu cabelo.
Lembro-me, faz tempo, dos teus lábios serenos e brilhantes articulando sons esquecidos e confortáveis nos meus ouvidos.
Ou talvez seja diferente e tudo não tenha passado de ilusão da minha pele.
Afinal, no meu desespero, talvez te tenha inventado assim, indiferente ao eco dos meus passos.
Sei que me lês. Mas não sei o que vês.

E não existindo na janela dos teus olhos, não existo no mundo onde te espero.


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