terça-feira, 17 de maio de 2011

Inevitável e Celeste

Se morrer

ninguém dará por isso,

será apenas menos uma

das menos brilhantes estrelas

que se apaga nesta abóbada agreste

e da contabilidade humana

se extingue lentamente.

Há muito me cansei de ser inevitável e Celeste!

Não me importo, portanto, que assim seja,

que à minha última morada

ninguém vá,

ninguém chore por mim,

já que sei bem o peso de viver

afrontando a correnteza

de um rio que nasce por alguém.

Se sempre caminhei sozinho,

não será nesta viagem,

com asas negras emprestadas

por um anjo cego e morto,

que me perderei neste caminho

e perderei o rumo para o meu porto.

Por uma vez,

acompanhando a aragem,

que suave envolve o pinho,

vou sem stress, pressa ou tristeza,

ritmado e a compasso,

devagar, devagar,

devagarinho.

Sem comentários: