sábado, 28 de maio de 2011
terça-feira, 24 de maio de 2011
O verso guardado em mim
Dentro de mim colo os pedaços rasgados
das palavras do poema que não sei escrever e nunca ouvirás dizer.
Eu não escrevo para vós
não quero saber se me lêem.
Rasgo as palavras vazias nas paredes nuas
cárcere dos meus olhos.
Que é feito do meu corpo?
Já não reluz nas madrugadas adiadas.
Que é feito dos teus lábios fechando-se sobre os meus?
Tenazes sem perdão lançadas nas paredes vazias
onde releio sem cessar os meus versos nus
mãos viajando em círculos virtuais de estranha psicose
desenhando janelas que nunca abrirão
corroídas por olhos abertos
presos no cimento frio.
Não escrevo para ninguém
nem quero saber se me lês.
Dentro de mim colo os pedaços rasgados
das palavras do poema que não sei escrever e nunca ouvirás dizer.
das palavras do poema que não sei escrever e nunca ouvirás dizer.
Eu não escrevo para vós
não quero saber se me lêem.
Rasgo as palavras vazias nas paredes nuas
cárcere dos meus olhos.
Que é feito do meu corpo?
Já não reluz nas madrugadas adiadas.
Que é feito dos teus lábios fechando-se sobre os meus?
Tenazes sem perdão lançadas nas paredes vazias
onde releio sem cessar os meus versos nus
mãos viajando em círculos virtuais de estranha psicose
desenhando janelas que nunca abrirão
corroídas por olhos abertos
presos no cimento frio.
Não escrevo para ninguém
nem quero saber se me lês.
Dentro de mim colo os pedaços rasgados
das palavras do poema que não sei escrever e nunca ouvirás dizer.
segunda-feira, 23 de maio de 2011
Caçador
Sementes
lançadas bem alto nos céus
para que raízes pudessem dar fruto
nas nuvens mais altas.
Um desígnio recheado de memórias
viajando no âmago de estranhos mascarados
de futuros apocalípticos.
Quando nasci não me deram nome porque possa ser chamado.
Não me deram a esperança
de crescer nas tuas mãos.
Fui pelos caminhos sem glória
presa fácil do destino
disfarçado de caçador.
sábado, 21 de maio de 2011
Clausura

Não te deixes embriagar
de dedos mágicos e saliva
redondos apóstolos de olhos ígneos.
Envolve-nos a expectativa dos sons
sem música e os ruídos turbulentos
da voz que declama
tudo o que deixou de ser.
As janelas cerraram a passagem
do corpo ainda frio
e as portas violaram os passageiros
do amanhã
abusando da vertigem dos fetos
por nascer
em matrizes secas
envelhecidas.
Não foi a vontade dos deuses
que nos trouxe aqui.
Foi a vontade sem vontade
de espíritos acomodados
que nunca chegaram a ser gente.
de dedos mágicos e saliva
redondos apóstolos de olhos ígneos.
Envolve-nos a expectativa dos sons
sem música e os ruídos turbulentos
da voz que declama
tudo o que deixou de ser.
As janelas cerraram a passagem
do corpo ainda frio
e as portas violaram os passageiros
do amanhã
abusando da vertigem dos fetos
por nascer
em matrizes secas
envelhecidas.
Não foi a vontade dos deuses
que nos trouxe aqui.
Foi a vontade sem vontade
de espíritos acomodados
que nunca chegaram a ser gente.
terça-feira, 17 de maio de 2011
Inevitável e Celeste
Se morrer
ninguém dará por isso,
será apenas menos uma
das menos brilhantes estrelas
que se apaga nesta abóbada agreste
e da contabilidade humana
se extingue lentamente.
Há muito me cansei de ser inevitável e Celeste!
Não me importo, portanto, que assim seja,
que à minha última morada
ninguém vá,
ninguém chore por mim,
já que sei bem o peso de viver
afrontando a correnteza
de um rio que nasce por alguém.
Se sempre caminhei sozinho,
não será nesta viagem,
com asas negras emprestadas
por um anjo cego e morto,
que me perderei neste caminho
e perderei o rumo para o meu porto.
Por uma vez,
acompanhando a aragem,
que suave envolve o pinho,
vou sem stress, pressa ou tristeza,
ritmado e a compasso,
devagar, devagar,
devagarinho.
ninguém dará por isso,
será apenas menos uma
das menos brilhantes estrelas
que se apaga nesta abóbada agreste
e da contabilidade humana
se extingue lentamente.
Há muito me cansei de ser inevitável e Celeste!
Não me importo, portanto, que assim seja,
que à minha última morada
ninguém vá,
ninguém chore por mim,
já que sei bem o peso de viver
afrontando a correnteza
de um rio que nasce por alguém.
Se sempre caminhei sozinho,
não será nesta viagem,
com asas negras emprestadas
por um anjo cego e morto,
que me perderei neste caminho
e perderei o rumo para o meu porto.
Por uma vez,
acompanhando a aragem,
que suave envolve o pinho,
vou sem stress, pressa ou tristeza,
ritmado e a compasso,
devagar, devagar,
devagarinho.
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Horas tardias
sento-me nas horas tardias
leve
com o peso das memórias que planam
no limiar das janelas escancaradas pelos temporais
assolando ruas liquefeitas de folhas queimadas
não peço nem acredito que tenham compreensão
da dor de transportar tantas vidas numa vida
sou a última que sobrevive
suportando o vazio
e não peço desculpa
leve
com o peso das memórias que planam
no limiar das janelas escancaradas pelos temporais
assolando ruas liquefeitas de folhas queimadas
não peço nem acredito que tenham compreensão
da dor de transportar tantas vidas numa vida
sou a última que sobrevive
suportando o vazio
e não peço desculpa
terça-feira, 10 de maio de 2011
Sem dúvida
Sem dúvida deste-me força, alento.
Mas nos meus olhos está ainda o frio da noite e do relento.
Mas nos meus olhos está ainda o frio da noite e do relento.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Longe demais
Envelheço.
Pensei que podia passar os dias deitando para trás das costas as recordações.
Que podia entrar nesse jogo do "esqueço-mas-não-esqueço", que podia fugir andando em frente.
Mas os dias perseguem-me, arrastam-se, e têm o tempo exacto da percepção que tenho deles. Dias longos. Longos demais.
São segundos, minutos e horas do dilúvio em que me afogo nas lembranças.
São lugares a que talvez não volte mais. Pessoas de quem não sei e não esqueci.
Envelheço.
Como resíduo de cristais de água que evapora ao sol ou planta que seca lentamente sem raízes.
Olhares e sorrisos que se fecham, decretando o injusto perpendicular e matemático rearranjo das desilusões.
Por algum motivo está colada a mim esta certeza crispada do vazio.
E aguardo, impaciente, que cesse a realidade.
Dias longos são os meus. E foram longe demais.
Pensei que podia passar os dias deitando para trás das costas as recordações.
Que podia entrar nesse jogo do "esqueço-mas-não-esqueço", que podia fugir andando em frente.
Mas os dias perseguem-me, arrastam-se, e têm o tempo exacto da percepção que tenho deles. Dias longos. Longos demais.
São segundos, minutos e horas do dilúvio em que me afogo nas lembranças.
São lugares a que talvez não volte mais. Pessoas de quem não sei e não esqueci.
Envelheço.
Como resíduo de cristais de água que evapora ao sol ou planta que seca lentamente sem raízes.
Olhares e sorrisos que se fecham, decretando o injusto perpendicular e matemático rearranjo das desilusões.
Por algum motivo está colada a mim esta certeza crispada do vazio.
E aguardo, impaciente, que cesse a realidade.
Dias longos são os meus. E foram longe demais.
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