quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Do outro lado do tempo, sonho-te!



Sabes, do alto da Roca vejo o outro lado do mar, o outro lado do tempo.
Quinhentos anos de naus e caravelas, oito mil quilómetros de lágrimas geladas que me salgam os lábios trazidas pelo vento agreste que sopra através dessa imensidão e da lonjura do horizonte infinito.
Mergulho.
Atinjo as profundezas do inferno, escuro e frio.
Regresso.
Percorro esse azul, procurando outro azul.
Nos meus olhos a visão de monstros tenebrosos que assombram a distância, nos meus ouvidos o cântico da sereia perdida, a música da elfa na floresta que encanta as falésias onde desesperadamente procuro abrigo.
Se não soubesse nadar, nadava. Se não soubesse cantar, cantava. Se não soubesse morrer, morria.
Com todo o amor - toda a desilusão, toda a paixão e gratidão que arrancaste aos meus olhos -, do alto da Roca imagino-te.

Do outro lado do tempo, sonho-te!

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