
Nunca descobri a razão de ser preciso descer ao fundo dos oceanos
para te encontrar enrolada debaixo das anémonas mais vistosas
e ter de filtrar as areias para respirar o teu movimento.
Nem nunca descobrirei a razão de estar sentado no vazio
escuro e sem cor sabendo que nenhum som me virá despertar.
As ondas e correntes são as mesmas. Frias revoltas traiçoeiras e perigosas.
Só eu mudei. Deixei crescer a loucura que se instalou nos pedaços
do coral seco e quebradiço em que se transformou o meu coração.
Outra maré será precisa para devolver a plenitude da luz à escuridão dos meus olhos.
E eu precisarei de me transformar num habitante vivo dos recifes para me sustentar
do plâncton que circula na vertigem do abismo do teu corpo.
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