terça-feira, 6 de setembro de 2011

Brilho

Há pessoas inesquecíveis.
Mesmo quando se torna pesado, doloroso, não esquecer.
Como seria bom poder meter as mãos dentro do peito e arrancar a dor que o dilacera. Arrancar a tua memória, o teu cheiro, a tua imagem, a tua voz, a tua presença.
Ou morrer.
Talvez tivesse sido melhor não conhecer a glória, para viver condenado ao deserto...
Melhor seria não conhecer o sabor da água fresca, do que ter sede pelo resto dos dias...
Preferia morrer e não me lembrar. Vaguear pelas gélidas dimensões infinitas da escura imensidão e não me lembrar que houve luz um dia. Calor.
Pior do que morrer é estar morto vivo.
Pois me impedes de amar. Por que te amo.
Pois me impedes de viver. Por que te vivo.
Renuncio a mais dias.

De tortura já basta, renuncio a uma vida eterna de lembrança.
Quero ser apenas pó. Espalhado pelo universo.

E um dia nascer de mim uma flor sem nome, que ninguém vai saber quem é.

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